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Daniela Galanti

O universo do lápis de cor

Ainda criança, Daniela Galanti já sabia que o desenho era algo importante na sua vida. Para ela, o melhor presente de Natal era sempre uma nova caixa de lápis de cor. E até hoje, uma das suas lembranças mais deliciosas é a de quando se sentava no chão para ver o pai usando o estilete e fazendo as pontas mais perfeitas do mundo nos seus lápis de cor.


Por isso, não teve dúvidas em escolher o curso de Artes Plásticas, na Unicamp, quando chegou a hora de ir para a faculdade. Mas o 28º lugar na lista de aprovados acabou detonando os seus planos: só havia 25 vagas. “Como era um curso extremamente concorrido, apenas um candidato da primeira chamada desistiu e não consegui entrar. Isso foi assunto de anos de terapia!”, lembra. Acabou indo para o curso de Arquitetura na PUC, sua segunda opção na época. Mas ficou lá apenas um ano, pois além de ser uma faculdade muito cara para sua família, o curso era período integral, o que a impedia de trabalhar para ajudar a pagar a

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Foto: arquivo pessoal

mensalidade. Na dúvida se tentava Unicamp novamente, acabou prestando vestibular para a primeira turma de Arquitetura e Urbanismo da UNIP, que tinha a vantagem de ser meio período.

Assim, Daniela virou arquiteta. Na verdade, paisagista. E é aí que o desenho volta a dar umas cutucadas nela: “Eu fazia todos os meus projetos paisagísticos à mão, com lápis de cor. Não gostava de usar computador, achava chato e feio. Ficava horas colorindo árvores, arbustos, flores. A reação dos clientes ao receber o projeto era gratificante e ao mesmo tempo engraçada. Uma vez, um deles mandou enquadrar o projeto do jardim da casa. Ou seja, além da parte técnica do projeto, eu entregava uma ilustração do jardim”, conta.

Trabalhou nessa área por 10 anos. Quando seu filho Miguel nasceu, em 2006, Dani deixou de lado o paisagismo para se dedicar ao bebê. “Entre mamadas, fraldas e perrengues de mãe de primeira viagem, a vontade de desenhar voltou com tudo. Sentia a necessidade de pintar qualquer coisa”.

O desejo ganhou força total depois que ela fez o curso sobre a “História da Ilustração”, com Odilon Moraes. “Foi um encantamento. Um universo novo e fascinante se apresentou e eu não queria mais sair daquele lugar”, diz. Esse foi o primeiro de vários cursos que ela frequentou, cada um com um ilustrador diferente. Não demorou para que ela recuperasse sua relação de amor com os lápis de cor. “Resolvi fazer um curso rápido para aprender mais técnicas com esse material. Tive aulas importantes, mas o que me trouxe intimidade e aprendizado de verdade foi a prática constante. Rabiscar e rabiscar quase todos os dias”, diz. Atualmente, ela também gosta muito de aquarela, colagem e guache – misturando, inclusive, essas técnicas com o lápis de cor.

Mas depois dos cursos e da decisão de, finalmente, ser uma ilustradora de livros, Daniela precisou enfrentar outro desafio: quem iria publicá-la? Foi quando o mercado de publicações independentes se tornou uma opção interessante. “Encontrei uma forma de não esperar pelas editoras. Além disso, descobri a possibilidade de trabalhar com total liberdade de criação, algo que me fascina até hoje”, diz.

Mesmo sendo uma grande defensora da publicação independente, Daniela ouviu os conselhos do amigo Odilon, quando, diante de um novo projeto da ilustradora, ele disse que se tratava de um livro que precisava ter um alcance maior e ser lido por mais pessoas. Assim, ela encaminhou o boneco para duas editoras. “Era um livro que estava quase sendo impresso de forma independente. Caminhei com o projeto todo sem me preocupar como ele viria ao mundo. Tive muita sorte pois o livro caiu nas mãos de uma editora muito cuidadosa. Tivemos várias conversas sobre meus desejos e praticamente tudo foi respeitado. Será lançado no início de 2020”, diz.

O que importa, segundo ela, é trazer o livro ao mundo, com ou sem editora, especialmente quando se acredita no projeto.

Além de seu trabalho como autora e ilustradora de livros, Daniela passou a dar cursos. Para os quatro encontros programados para acontecer no Lugar de Ler, o foco será o lápis de cor. “Gosto de dizer que o aluno sai do curso ‘picado pelo bichinho do lápis’. O lápis de cor, assim como qualquer outra técnica, exige paciência e envolvimento. É no treino da mão, na prática constante, que o traço vai ganhando personalidade. Ensinar é, para mim, antes de tudo, a conversa, a troca. Eu te conto o que sei, te mostro como faço. A partir daí, você experimenta, sente se funciona ou não. E assim vamos conversando, sempre com o lápis de cor na mão, é claro!”, diz.

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