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Dani Gutfreund

Livro-álbum: leitura e análise

A literatura sempre foi um interesse muito forte na vida de Dani Gutfreund. Desde pequena gostava muito de ler e sonhava ser escritora. Acabou cursando Pedagogia, pois também tinha muita vontade de trabalhar com crianças. Na escola, tentou unir as duas pontas: desenvolveu vários projetos com foco na literatura Em 1997, decidiu passar um ano fora do Brasil, pois queria aprender inglês. Foi para Londres, onde ficou por 13 anos, se especializou em Tradução e fez um mestrado em Literatura Contemporânea Inglesa.

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Arquivo pessoal

“Nessa época, também fui trabalhar como agente comunitária bilíngue em um projeto do governo local, assistindo famílias e crianças de língua portuguesa em sua inserção na comunidade inglesa”, diz.

Mas em meio aos estudos e a muito trabalho, nunca deixou de escrever histórias, mesmo que o destino delas fosse a gaveta. Quando voltou ao Brasil, além de trabalhar com tradução, Dani ficou um tempo no Educativo da Bienal. Depois, veio  a chance de entrar no mundo editorial: foi chamada para ler alguns originais de livros para a editora MOVpalavras, que na época se chamava Pensarte. “Esses originais levaram a ideias e essas ideias a me contratarem como editora de livros infantis. Foi um trabalho incrível, em dois anos e meio publicamos quase 40 títulos. Tive a sorte de trabalhar com super profissionais, muito generosos, que me ensinaram um mundo”, diz.

Foi provavelmente nesse momento que Dani começou a olhar o livro-álbum com mais cuidado. “Eu tinha muitos títulos na minha biblioteca quando fui trabalhar na editora, porque já eram os livros que mais me intrigavam. Sempre gostei dessa leitura que envolve múltiplos sentidos, que pede atenção ao detalhe mínimo, que é um trabalho investigativo em que tudo está em jogo. É claro que a literatura proporciona essas habilidades mesmo quando não se vale da linguagem do livro-álbum. Mas nele, quando está tudo bem orquestrado, fico em estado de puro encantamento”, diz. Foi só quando ela começou a trabalhar com edição que percebeu mais profundamente a relação entre a palavra e a imagem, entendeu como os projetos podem contribuir para a narrativa e como a conjugação dos fatores atua nessa construção: tudo isso despertou o desejo de um novo mestrado, agora na FAU-USP, para falar especificamente do livro-álbum como projeto. “Quero me aprofundar no assunto, ter acesso a novas pesquisas, ter um estudo mais orientado e profundo, e, claro, produzir. A universidade é o lugar ideal para isso. Também penso que pelo fato de ser um campo de estudo ainda novo no Brasil, é importante que se discuta em grupo, que se crie um corpo de pessoas interessadas em compartilhar e refletir sobre suas visões desse objeto de estudo. Embora fora do Brasil haja um corpo teórico já bastante consolidado e uma cultura do livro-álbum, ainda há muito a ser estudado e entendido, como em qualquer outro campo. É uma linguagem contemporânea, em movimento, e, portanto, com um mundo de possibilidades de estudo e produção. E não me refiro à moda nem ao mercado, mas sim às possibilidades que esse livro abre aos leitores e autores, ou criadores”, diz.

Desse interesse surgiu também o curso "Livro-álbum: leitura e análise", que Dani começa a dar em março no Lugar de Ler, espaço inaugurado há quase um ano em São Paulo. “Tenho vontade de compartilhar ideias e reflexões sobre essa linguagem, de discutir, entender melhor a produção atual em relação à história. Acho necessário discutir os livros com eles em mãos, porque esses livros exigem presença. Contar sobre eles é sempre insuficiente. Eu sentia falta de cursos que se propusessem a enfrentar os livros, em deixar que eles fossem os protagonistas da conversa, que partissem da discussão de seus elementos que apenas a leitura evidencia. Ou as leituras”, diz.

E o sonho de ser escritora? Continua forte, principalmente depois de Dani ter publicado seu primeiro livro, Olha lá a Ana!, pela MOVpalavras. “Adoraria escrever mais. Tenho sempre histórias me perseguindo. Um dia, espero parar e deixar que me peguem. Na verdade, acho que faço coisas demais e escrever pede um tempo que não tenho encontrado. Olha lá a Ana! ficou anos comigo, até que se tornou maior que eu: daí escrevi”, diz.

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