Triz, de Leo Lionni
Leitura de Janette Tavano
Triz era um peixe bem pequeno que morava no fundo do mar com sua família de peixinhos vermelhos. Viviam em um canto distante, juntos, assim se sentiam protegidos. Todos sabiam que o oceano é um lugar de grandes perigos. Mas a vida é imprevisível e, infelizmente, tem aqueles dias ruins dos quais não conseguimos nos esconder. Foi num dia desses que um atum faminto invadiu a área. Por pouco, Triz não foi devorado. Já o restante do cardume não conseguiu escapar. Nenhum peixinho. Talvez porque os outros não nadassem tão rápido quanto Triz. O fato é que ele se salvou, mas ficou sozinho, assustado e muito triste.
Sem seus companheiros, Triz decidiu partir para o desconhecido. Ele não sabia muito bem o que estava buscando, nem se estaria em segurança, apenas que precisava seguir em frente. O leitor passa a acompanhar o pequeno peixe solitário, que nada sem parar sempre na mesma direção – para a direita do livro, para longe do lugar onde sua família tinha sido devorada, para a vida à frente. E Triz começa, aos poucos, a se surpreender com o que vê no oceano: a água-viva tão colorida como um arco-íris, a lagosta que parece uma escavadeira enferrujada, a imensa floresta de algas, a enguia muito comprida, as anêmonas dançantes. E mesmo sendo sempre muito pequeno em comparação aos outros animais, sua reação não é a de se esconder. Pelo contrário, ele vai ficando cada vez menos triste, menos assustado, e mais maravilhado com todas as suas descobertas.
O premiado ilustrador holandês Leo Lionni usa cores delicadas e contornos fugazes, como se o leitor também estivesse mergulhado naquele mundo, enxergando imagens desfocadas e em constante movimento. Apenas o protagonista é um ponto bem definido no cenário.
Ao final, o peixinho tem a maior surpresa de toda a sua viagem. Ele se depara com um cardume de peixes tão pequenos como ele. E vermelhos como seus queridos irmãos. E o que nasce desse encontro é algo muito, mas muito, grande.
Publicado em 1963, Triz – Guizzino em italiano e Swimmy em inglês – foi traduzido para o português pela editora Livros da Matriz. Segundo a tradutora da obra, foi um desafio encontrar um nome para o peixinho tão representativo como o do título em inglês: “Swimmy significa raro, muito inteligente e também remete a um tipo de som. Ao mesmo tempo, imediatamente identificamos a raiz da palavra inglesa, swim, que significa nadar, e temos o sufixo que remete a algo pequeno [...]. As traduções escolhidas para outras línguas envolvem a ideia de movimento, rapidez, nadar ou navegar, e todas elas usam o diminutivo. Mas, isso vemos nas ilustrações. E, desde minha primeira leitura, a ideia de que ele havia escapado por um triz, por nadar tão rápido que quase nem se via, ficou muito forte”.
Além disso, ela descobriu que TRIZ é também uma sigla russa para a Teoria da Resolução Inventiva de Problemas, desenvolvida pelo engenheiro, inventor e escritor Genrich Altshuller. E essa característica de lidar com os problemas de forma criativa se encaixava perfeitamente no personagem.
De repente, não poderia haver um nome melhor para o nosso pequeno grande Triz.
Triz
Texto e ilustrações: Leo Lionni
Tradução: Dani Gutfreund
Editora Livros da Matriz
Isbn 978-65-86167-02-3
32 páginas
22 x 27,5 cm
Livro-álbum
Para leitores de todas as idades
R$ 42,00