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Veridiana Scarpelli

A imagem como literatura

Quando saiu da faculdade de Arquitetura, Veridiana foi trabalhar com desenho de móveis e objetos. No meio do caminho passou a se questionar se era aquilo mesmo que queria e, um pouco encorajada por amigos ilustradores que também tinham se formado na FAU, ela resolveu tentar a área da ilustração. “Fiz essa mudança e saí atrás do tempo perdido. E, ainda bem, deu certo!”, diz hoje, 12 anos depois. Começou fazendo ilustrações para revistas e jornais - Vida Simples, Serrote, Livraria Cultura, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, entre outras publicações. Depois, naturalmente, Veridiana foi se interessando também pelo mercado de livros, principalmente infantis.

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Arquivo pessoal

“Acredito que uma das graças da ilustração é justamente essa de poder responder a várias demandas diferentes. Gosto bastante da agilidade e efemeridade de alguns trabalhos, como os que produzo para os jornais, por exemplo. Mas fazer livros sempre me pareceu um objetivo claro” diz. E complementa: “Há diferença entre desenhar para um livro infantil, um poema, uma revista ou uma matéria de jornal? Na verdade, entendo que o desafio é o mesmo em qualquer tipo de demanda”.

Em 2012, lançou seu primeiro livro autoral, O sonho de Vitório. “Mostrei as ilustrações para a editora Cosac Naify como parte do meu portfólio, com a intenção de que eles conhecessem meu trabalho e me chamassem para ilustrar alguns livros. Eles não só gostaram como quiseram publicar. Fiquei muito feliz e surpresa!”, conta.

O título é, na verdade, um projeto de uma série de livros que apresentam histórias sem texto, levemente surreais, que brincam com uma narrativa em que o fim se liga ao começo numa espécie de looping. “Mas, infelizmente, a Cosac encerrou as atividades antes de assinarmos o contrato para a publicação do segundo livro do Vitório. Acabei deixando o projeto engavetado desde então”, diz.

Mas isso não desanimou Veridiana. Versátil, seus traços continuam sendo vistos em publicações da mídia impressa, em vários livros paradidáticos, em títulos para crianças pequenas e para adultos - como é o caso do Pornô Chic, da Hilda Hilst (Biblioteca Azul), apenas com textos eróticos. Mais recentemente ilustrou Reinações de Narizinho, obra de Monteiro Lobato que foi reeditada pela FTD.

Para criar suas imagens, Veridiana gosta de experimentar: usa computador, tablet e photoshop como se fossem papel e muitas canetas coloridas, mas tirando vantagem de algumas facilidades que apenas o digital permite. “Quando faço à mão, prefiro canetinhas e nanquim. Mas já usei carimbo, colagem e lápis de cor. Gosto muito da gravura em metal - reservo um dia da semana para ir à oficina do Museu Lasar Segall trabalhar em gravuras, para criar livremente, experimentar e aperfeiçoar a técnica”, diz.

A ideia do curso no Lugar de Ler é se debruçar sobre os livros-imagem, que não têm uma narrativa textual, apenas imagética. “Cada aluno vai desenvolver seu próprio projeto durante o curso, pautado por atendimentos e conversas que, no fim, serão a base para pensarmos sobre as diferentes formas de lidar com a narrativa, o roteiro e o suporte físico (espaço da folha, espaço em branco)”, explica.

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